Rosas...


Rosas...elas têm beleza. Prefiro-as no solo, com raízes...Vivas!
Em vasos, ou jarros d´agua
A bela flor já é morta.
Vem já com dias contados
Murcha, seca, não suporta...
Não mais terá seus botões
Morrerão com ela, sementes
Sem sequência, nem razões...
Mas o "romântico" nem sente!
Assim são os amores que se confundem.
Assim são as certezas do que é belo.
Vida e morte, em amor, se fundem...
A raíz de um, com outro, é um paralelo!
Não me deem rosas...falem-me de sua beleza, apenas.

Curinga


Penso, caminho...paro.

Ignoro, percorro...reparo.

Busco, me canso..desisto!

Acaso, desígnio...Conquisto!


Enforco a possibilidade

Espremo o sumo da chance

Quase nunca a vontade

Com o que está á meu alcance!


De tudo, seguro sempre algum nada.

Do nada, agarro sempre algum que vinga

Se o que tenho na manga, não é molho de macarronada ...

Aposto teu [as] no meu curinga!

Sorria...



Algumas lágrimas são doces, quando provocadas por emoções sublimes.

Pesadas são as de dor, daquelas que doem tanto, que incham em volta dos olhos...Transfornmam a face. Porque chegam com força e não querem parar. Porque o sal delas todas a correr rosto abaixo, danifica a pele, provoca inchaço.

Mas, lágrimas são lágrimas. Pior, são as que engolimos...As que não nos permitimos sair da fonte. O nó na garganta também dói. E as que choramos em silêncio, por vergonha ou medo de que nos julguem fracos...E [quem] é deveras forte na hora do choro?

-Qual o choro que não chora na hora da dor, ainda que silenciosamente, por vergonha ou não?

-Qual lágrima não corre, mesmo sendo dos olhos para dentro? Ou de "riso" afora?

Já vi risos que choravam, disfarçados...Querendo impor uma fortaleza, que só os egoístas não percebiam, preocupados demais em que fossem agradados, bem recebidos. Porque também a dor dos "outros", incomoda á quem veio rir. Assim como nos sentimos incomodados de chegar sorrindo, onde alguém está chorando.

Eu coloco a "bóia" dissimulada, que seja, para emergir do lago do pranto, se alguém me chegar sorrindo.


Ao entrar aqui, sorria!


Sua alma está sendo filmada!

Amanhecer

Quero amanhecer pensando, enquanto penso que amanheço.
Quero amanhecer respirando, enquanto respiro o medo.
O medo do amanhã, que acreditamos que chega, mas não sabemos ao certo.
O medo do certo, que parece chegar sempre na hora errada. E até o medo do do erro, que absurdamente chega ás vezes, na hora exata. E o medo do exato, que quase sempre, é impreciso.

Tudo se complica. Tudo, complicamos nós.
Quero enfim, apenas amanhecer.
O pão amanhecido, também nos mata a fome.
A fome amanhecida, apenas nos mata o pão.

Quero apenas, amanhecer. Pois amanhã, não importa se o pão vai ser de ontem. Afinal, eu também não sou de hoje. Importa o pão...O resto não!

O que vale mesmo, é o amanhacer. Ter o que conquistar, ter o porque do sim e o [por quê] do não.

Saudade também têm gosto.

Vejo lá no passado, num tempo quase encantado, se é que não era "puro encanto", um amor puro, quase santo...Daqueles que devotamos.
As pernas vacilavam, as mãos suavam,éca! - Moscas no estômago?
A boca ficava seca...Passava a língua para umedecer os lábios. Esquecia as frases ensaiadas...Na mente, um texto, eu...[personagem] de mim, tentando decorar conversas inteligentes de um filme onde eu era a Sofia e a
Loren, separadas...Pode isso? -Era a Demmie e era a Moore...e te amava além da vida, te queria de ambos os lados...o terno e o eterno!
Ouvir sua voz, me fazia tremer...Eu ficava burra, ou muda...Afinal, onde teriam ido as palavras que ensaiei? -Por que elas não me chegavam?
Bastava um mergulhinho de nada na melancolia do teu olhar e pronto. Lá estava eu, entregue...Perdida, muda e deliciosamente "vazia". E você...ah, você. Umedecia minha boca, alagava a alma. O universo parava pra ver. O planeta não respirava, tão mudo e burro como eu. Entregue, vacilante...com as mãos suando, matando o personagem de mim, que tanto queria te dizer...
-Para quê falar?
Hoje, eu te senti lá no passado, num tempo todo encantado e sinto queimar no lábios, os beijos... [ladrões de palavras]. Cheguei a sentir teu cheiro, o toque das suas mãos e vi, na melancolia do teu olhar, a mesma busca e um brilho que emudecia, enquanto as pernas vacilavam...Voltei a ser [por um instante], vazia. Deliciosamente vazia. Saudade, também têm gosto.

Rosana lazzar 23 de janeiro de 2009