Era uma tarde de verão qualquer, dessas que a gente anda a esmo,pensa ao acaso e vive a mesmice.Ainda havia sol, apesar do adiantado da hora. Mais de [seis] da noite...horário de verão.
Não me lembro o que fui fazer, já que não tinha o que fazer.Paranóia de ficar de saco cheio das paredes de casa.- Vou sair...e fui.
Me sentei na muretinha da igreja velha, olhando o nada e a pensar coisa alguma que se aproveite. Só queria passar o tempo, ver gente e ficar só, porém, fora de casa.Juro por Deus: Eu queria ficar só e quieta num canto. Então pensei:
Ninguém vem nesse lugar. Aqui nunca tem viva alma. Ou entram na igreja, ou saem dela.
Estava lá, a olhar um pombo brigando com outros dois por comida. Restos de cachorro quente, migalhas esparramadas.De repente, me chega um senhor de meia idade, me dá um [meio sorriso], que retribuo a altura, tipo cantinho de boca e senta-se bem ao meu lado.
-Puta que pariu! Tanto espaço na mureta e le vem sentar bem aqui? Pensei eu,me sentindo incomodada por ter "quase" uma companhia.
Começou com uma história sobre um pombo que el salvou quando era menino. Depois, piadas e histórias de vida.Rimos muito, trocamos telefone e coisa e tal...Cheguei em casa quase [onze] da noite. Ficamos amigos, foi um dos melhores papos da minha vida e fui madrinha de casamento da filha dele. Ele ainda é o melhor papo, a melhor companhia e um grande amigo.
Ás vezes, a vontade de ficar só nos presenteia lindamente.