Sangue pisado

...Era de se admirar a facilidade que antes eu tinha de sofrer por antecipação.
As dores que (inda) nem me vinham...Que talvez, não me chagarão!

-É de se admirar agora, a capacidade que tenho de ignorá-las, ainda que o sangue infeccione minha razão!

E mesmo que suas pontadas agudas me deixem gravemente inquieta, eu rio delas...Ignorando o "acumulado", meu sangue pisado por qualquer que seja a emoção!

Minhas dores, minhas!
Meus risos, meus!
Mesmo emprestados de uma segunda parte minha...
Meus diagnósticos, meu remédio, minha cura, estão sempre expostos lá dentro, onde só eu vejo...
E que muitas vezes, não sei porque...Eu não alcanço!

Meus extremos...

...Porque quando vago, sei que caminho
Quando me esparramo, dificilmente me junto
Quando me fecho, me tranco em tudo...
Quando entristeço, entristece o mundo
Quando desprezo, prezo o profundo!

Quando sorrio, sou rio e sou fundo!


Eu não me sinto na obrigação de ir em tudo quanto é extremo
Mas trago sempre a necessidade de ir ao extremo de tudo!

Rosana lazzar

Resumo...


No passar do tempo, descobri que o tempo passa o tempo brincando de horas...

No passar das horas, descobri que o relógio brinca de "tempo".

No passar dos anos, descubro que o tempo não brinca!

Então, passo a vida vivendo, vivo a vida passando...
E brinco de tentar ser feliz!

Rosana lazzar

Contradição inevitável


JÁ PREVI "COISAS CERTAS", TANTAS VEZES...

E NO ENTANTO, EXISTE AS OUTRAS VEZES, EM QUE SOU INCAPAZ DE PREVER "CERTAS COISAS"!

ROSANA DE LAZZAR

Digo de nós...


...Ele, o homem, me olhou, me viu...
Só faltou me enxergar!

...Ela, a mágoa, sentou, deitou, contorceu de dor...
Só faltou morrer, preferiu matar!

Digo de nós, o que maldigo em mim.

Rosana Lazzar

Tenho visto...


Da sabedoria antiga, a vantagem estava em "ouvir".
O novo só sabe falar!

Rosana Lazzar

Incontestável...

" A SÍLABA MAIS FORTE DA MINHA VONTADE É [DE]"



Rosana Lazzar

Creio sim!


...E eu acredito na vida quando vejo a gota de orvalho na folha adormecida a cada manhã, sorrir seu riso úmido.

Rosanan Lazzar

Silêncio...


" O que minha solidão gritou, só meu vazio ouviu"

Rosana Lazzar

Desessete!



...Entre risos
Idas e voltas
Tormento...

Chutei 17 anos
Que como diria o poeta:
-"17 anos"... Não vivi um só momento!

Y al que se creia inolvidable
Hecho de menos, olvido!

E ainda possuo em mim, algo...
De quem nunca esteve comigo!

Rosana Lazzar

Ardência...


A cara quebrada, o joelho ralado...
Outro passo mal calculado
-Um pulo mal dado?

Ardo!

...Quem dera fosse entre os riscos da "amarelinha", esse tombo.

Ao menos amanhã ou depois, eu poderia brincar de novo...

Ardo!

Rosana Lazzar

Penso...


"ANTES NÃO ENTENDER ALGO
DO QUE NÃO SABER O QUE DIGO".

Rosana Lazzar

Primeiro...



Faz-me falta o suor das mãos
O rubor do rosto, as pernas teimosas, vaciladas...
Faz-me falta!
Tantos insetos no estômago, a boca seca...
O “sonhar” acordada.
Aquele frio, aquele calor...
O primeiro beijo, o primeiro amor...
Faz-me falta, muita falta, faz-me uma falta danada!

Faz-me falta o braço ao redor, o alvoroço...
A boca quente, a língua no pescoço...
Faz-me uma falta danada, aquele moço!

Faz-me falta o muro, o escuro...
A pureza, o orgasmo sem nexo, sem sexo, juro!
A tremedeira acanhada
As palavras confusas, atropeladas...
Faz-me falta esse pedaço da vida
Lá na juventude vivida, quando eu mordia tua boca
E você me engolia a palavra...
E obediente, eu calava
Toda a sílaba mordida
Desse pedaço de vida...
Faz-me uma falta danada!

Um hematoma na pele
Que eu tinha que ocultar
Usando a cacharrel de lã
Num calor de não se agüentar...
Mas, que deixava a lembrança
Dos beijos de dias atrás...
E não ouso “morder” a palavra
Porque esta, a saudade não trava...
Ainda não (tão) esquecido...
Que falta você me faz!

Rosana Lazzar

Metafórica [mente]...

Dias amenos
“Noites” a menos
Rios serenos
Barcos sem remos...
Não sou mais eu
Não somos (nós)...
Nunca seremos...
Morremos!

Momentos tidos
Tidos, partidos...
Deixaram de ser
Ousaram morrer...
Não sou mais dele
Não sou com ele
Não sou por ele...
Deixei de ser!

Noites tranqüilas
Trancas sem ilhas
Ilhas sem sol...
Sol sem calor
Calor sem pele
Pele sem tom
Tom sem voz, cadê o (nós)?

“Nostradamus”
Nós tardamos?
Nós falhamos?
-Nós “calamos”...
Sem perceber!

Rosana lazzar

Insalubre


Era do gosto, desgosto afirmativo, consumado...
Incontestável furo de reportagem na história
Na (nossa), onde o gosto, tornou-se amargo!

Adoça agora a tua saudade
Porque minha lembrança é biliar que só!

Rosana Lazzar

CANÇÕES URBANAS...



"Eu vi um menino correndo"...Mas ele tinha tantos direitos e tão humanos, que nem corri atrás dele. "Tá lá o corpo estendido no chão"...


Rosana Lazzar

Teimosia...


"Posso perder tudo, até mesmo perder-me...
Só não posso perder a propriedade de tudo quanto acredito.
E é assim, que teimo em permanecer incluída:
Em tudo, em mim, na vida".

Rosana Lazzar

Salgada dor...

E na água que a dor deságua...
Minantes de dor e mágoa
Chorei!

E temperei o rosto na água delas
E desmontei castelos
Na água delas
E desfiz punhados
Na água delas...

E solucei montantes
Nas águas delas
E respirei de instantes
Ns águas delas...
Por toda uma vida
Banhei-me nelas...
Mas, acordei!

Sequei com risos
Um rio delas
Se há sequelas
Nem penso nelas
-Onde deságuam
Sons que choravam?
Em outros mares, talvez...
-Nem sei!

Rosana Lazzar

Duplos sentidos...




Queria poder entender tudo o que não entendo
E no final, bater em retirada, cheia de "tudo"!


Rosana Lazzar

Sempre cativa...


Como se eu fosse uma poesia afogada
Dentro de um copo de letras molhadas
Ainda não sei exatamente o que fazer com (Rosana)...

De minhas cativas buscas, a maior delas é sempre a de "mim mesma"!

Rosana Lazzar

Fêmea...


-Se eu fosse dama, seria pura?
-Seria mais pura, se eu fosse santa?
Para ser fêmea, devo ser (puta)?
Ou entre as duas, seria "anta"?

Não sou a (uta), nem a (ama)...
Sou da labuta
Mulher de luta
De guerra e gana!

E nessa vida, filha da (Uta)
Tanto a (uta), quanto a (ama)
Por algum motivo
Num dia "puto"
De um (puta) susto...
Também desama!

Uma, choca-se no tabuleiro
Outra, exaure-se do puteiro
A imaculada, defende a fé em seu escudo...
A Fèmea?
É (uta), é (ama), é (anta)...É tudo!


Rosana Lazzar

Estancas


Minha
Dor

Não
Dói
Mais
Quando
Calejam
Meus
Ais!

Rosana Lazzar

Doloso ou culposo?



Alguém hoje assim, do nada
Perguntou-me de imediato:

-Se o aborto dizem que é crime
A "punheta" é assassinato?

Eu, sem saber resposta
Mandei o que veio a mente
E disse ao Inquisitor:
-Eu não sei, exatamente...

Mas penso que (nesse) caso
Se um ligeiro orgasmo se aproxima
Ao cometer o tal ato
Tu fizeste uma chacina!

E olha só quanta gente
Tu mataste sem querer
É homicídio culposo
Que fez sem querer cometer!

Então o cara disse: NÃO!
Eu fiz tudo premeditado
Mas depois do ato feito
Fiquei meio preocupado...

Se eu pensei em fazer (antes)
O homicídio é doloso
Matei mais de (Quatro mil)
Num orgasmo preguiçoso!

Mas pague lá uma fiança
Cesta básica, qualquer coisa
E quando chegar em casa...
Comemore "batendo" outra!

Rosana Lazzar

-Morreu de quê???




Eu queria pensar...Eu PRECISAVA pensar!
Mas aí, não sei de onde
Surge ela...

-Ô, barulhinho nojento!
Desviou meu pensamento
E atrapalhou a ideia!
Uma só, não: -Todas elas!!!

Dei um tapa na bicha!
-Toma aqui, sua atrevida!
Que caiu embaixo do pano...

Tenho cá uma dúvida:
-A mosca morreu do tapa
Ou ao bater na parede...
Foi "traumatismo craniano"?

Rosana Lazzar

Aversão...


Tem dias em que sou tão "do contra"
Que consigo ser (ímpar) em minha própria dualidade!
E se doer, eu rio...


Rosana Lazzar

Cala a boca e me beija!!

-Eu queria morder a vírgula na tua boca
Para que não digas sequência de coisa alguma...
Interromper a palavra e devorá-la
Até que lhe sobre (nenhuma)!

...Beijar você e te fazer engolir meu "ponto final"
Com o sabor do chocolate que me deu
Junto com o beijo que te calou!

Eu queria ao menos calar a vontade
De morder sua vírgula e de calar tua boca!

Eu queria poder morder tua boca lá na sua vírgula...
Para devorar toda a sequência...
Intenção...
E língua...

E deixar sua pobre (vírgula)
Morrer à míngua!

Rosana Lazzar

Diálogo....


Bata no seu filho com "palavras"
Até que ele aprenda seu idioma!


Rosana Lazzar

Um dia eu vi...




Eu
VI
UM
RISO
NUM
OLHAR
ALAGADO

BEBER
DE
PRANTO
"ENTALADO"

SECANDO
NA
FACE
DO
ADEUS!

ROSANA LAZZAR

O despeito do diabo...




-Mal fechei-lhe a porta e já lhe abriram outra?

"Concorrência injusta, essa".

Rosana Lazzar

Tanto nada...




De tanto ter espaços invadidos
De tanto ter certezas convictas
De tanto ter o nada do tudo
Que juraram dar a mim um dia...

É que ergo nas mãos
O vazio da ida
A secura da volta...
E a estranheza do fim!

Tem lá um quê, do que se justifica...

Amores morrem
As dores fogem
A mágoa fica!

Rosana Lazzar

Falta...


...E eu tateei o vazio
Acariciei o silêncio
Beijei o vago do nada...
E dormi abraçada a tua ausência!

Rosana Lazzar

Atitude...





Penso...

-Posso ter às vezes, alguma opinião formada sobre algo...
Mas que eu mesma formei
E não, que formaram para mim.

Opinião própria, também é atitude!


Rosana Lazzar

(?)...

- Salto de mim numa incógnita de foder os ânimos:

-Perda de tempo é dizer o que sentimos a quem não "sente" igual a gente?
-Ou será que perde-se tempo, dizendo o que não se sente?

-Eis a incógnita que me fode a mente:

-

Não seria pior sentir e não dizer, por medo de ser inconveniente?

Amamos em segredo, até que a urgência nos revele
Amamos em silêncio até que o grito se faça inevetável
Amamos em volúpia, até que a dor se revele...
-E eis ele, o (amor)!

Uníssono, ou solo...
Par, ou ímpar...

Inconsequente!

Rosana Lazzar

Vagos...

vagos...



"Não ter palavras não é (não ter) sentimentos...
É não ter como expressá-los"!

Rosana Lazzar

"Anúncio de um desesperado"

Vendo coração desocupado, único dono
"Quarenta e seis " quilômetros rodados
De quereres bem conservados
Com uma certa alma poética...

-Ha pouco foi reformado
Limpo e desinfectado
Apesar de bem (judiado)
Pelo antigo inquilino sem ética!

Ele contém sonhos guardados
Um cômodo bem arejado
Onde cabem infinitos...
Mas sabe como é...
Segue no "roda pé"
A cláusula que é quase um mito...
*-Corre-se o risco do erro
Da dor e o fracasso imprevisto
Pois amar, eu sei, "tenho visto"...
Tem lá o seu grande risco:
O de não ser correspondido!

E segue no roda-pé
A nota que é um: (pois é)
Dei-te toda a explicação...
Caso aconteça o (descaso)
Não reclame ao acaso...
-Não aceito devolução!

Assim firmado e reconhecido
Com testemunhas ou não
Assine a última linha...
Porque é teu meu coração!

Rosana Lazzar

Santo daime...

Santo Daime


"Santo daime"
A sabedoria, ainda que "psicodélica"
Para abrandar o fogo que teima...

"Santo daime"
A visão do extremo, para que eu não tema...
A força da decisão, a precisão da ação...
A consciência da fala...
A sobriedade de quem cala...
No exato momento em que não devo falar!

"Santo daime"

A pressa no "ir", porque não posso ficar
A calma no estar, sem querer tropeçar...
A compreensão de um anjo
Sem as lamúrias de "santos"
Quando não sabem pecar!

A paciência para suportar as vontades "platônicas"
Os quereres absurdos
Os amores obscuros...
Nesse meu peito mudo
E esta (sanidade) tonta...


-Santo...
Dai-me!

Rosana Lazzar

Meu pré e meu conceito...


...Meu "pré":

-A pele é apenas um tecido para proteger o corpo, não importa a cor dela.

Pele não é cortina, corpo não é janela...

O negro não tem obrigação de combinar com a mobília do caráter de ninguém!

...Meu "conceito":

-Não tenho preferência por nenhuma cor no arco-íris...
Apenas sei que se faltasse alguma, ele seria imperfeito, incompleto!


Rosana Lazzar

I heve quase nothing...



Eu sem você
Pareço folha sem pauta...
Escrevo por linhas tortas!

Eu sem você
Me embriago de brisa falsa...
Sobrevivo de coisas mortas!

Eu sem você
Sou meio que, um rabisco...
Perco meu desenho exclusivo!

Eu, sem você...
Sou quase um abstrato
E "daquele" retrato morto...
Acredite:
-Sobrevivo!

Eu sem você
Posso sim, dizer que "existo"
Mas pulei um (tanto) de vida...
E outro tanto, nem tenho visto!

Rosana Lazzar

Quietudes...

...E no silêncio, ouço melhor. Mesmo as palavras não ditas, aquelas que gritam em (letras) ou fingem dormir nas "entrelinhas".

No meu silêncio, nem a mudez se atreve.
Nenhuma "entrelinha" é breve, nem todo grito é puro...
A não ser aquele, que não queria ser ouvido...
O que não quis ser "grito".
Meu silêncio, nem sempre é curto...
Perdi a conta do quanto já foi (infinito)!

Rosana Lazzar

Se for para ser, que seja assim...


...Só quero você e mais nada!

Para quê quero o meio termo
Feito água morna...
Se a metade do copo não entorna
O que tenho transbordando?

-Eu quero marcas dos seus dedos na pele
Um hematoma que revele...
Que fui tua vírgula e ..."ponto"!

Não gosto que me marquem, feito ovelha
Mas aceitaria atrás da orelha
Um carimbo, Um "logotipo...

Que me cadastra em ti, Pessoa física
Cuja alma (dentro) grita:
Se você ficar, eu fico!

Dê passagem livre a minha língua
Deixe que eu contorça e tenha "Íngua"...
E que eu morra em ti, por um instante...

Dentro da tua boca, poço infindo
Vem vindo, que eu vou indo...
Ao lugar onde o delírio...
Unifica a dois amantes!

Assim, esqueçamos do mundo
Que dura apenas um segundo
Que dura por mil instantes!

Rosana Lazzar

Oco...


-Quando não estou amando, sinto-me um pequeno átomo largado na atmosfera a espera de um (oposto) que me atraia...Parece-me que todos os venenos tem gosto de água.
-Nada embriaga e nem me mata! -"Morrer" de amor agora, é o que me faz falta!


Rosana Lazzar

Vestida de sol...

...E ele nasce, parido pelo céu
Numa manhã sem igual...
Esqueço o que tenho no armário
Visto-me ao contrário...
Apenas "pele" e o sal!

Quando me tocas, te sinto
Ponta de dedos, meio de língua...
Não me confesso: Minto.
Em lençol de pele, ainda!

Aqueço-me, mas não sinto frio...
No teu peito, corpo invisto
Minha roupa é quase mucosa...
Do teu sol, é que me visto!

Que "Joana D´arc" não se ofenda
Porque de ardência, sobrevivo
Morro em teu sol que [inda] queima
Pra renascer no teu riso!

Encaro o mesmo, o marasmo...
Que no calor é diferente
Tem de brasa, tem de fogo...
Queimo verso, lado e frente!

Rosana Lazzar